sábado, 31 de março de 2012

Ópera:Capítulo 20

Gente,eu postei o 21,e esqueci do20..rrsrs!Obrigada a nossa leitora,Bianca,por avisar!




Assim que a campainha tocou, Rodrigo abriu imediatamente a porta, dando de cara comThur. Ambos estavam com olheiras e os cabelos bagunçados, indicando que nem tinham se olhado no espelho depois de acordar. 
Os dois se olharam com uma preocupação e frustração mútua, sem conseguir palavras para expressar o que sentiam ou ideias de por onde deviam começar as buscas. 
- Quando – foi Thur quem começou, com a voz agora baixa e rouca. – você a viu pela última vez? 
Rod abriu a boca para falar, mas suas bochechas coraram instantaneamente, fazendo-o perder a linha de pensamento por alguns segundos. Sentia-se envergonhado e constrangido por ter perdido a prima que tanto jurara proteger. 
- Foi... Eu estava no palco. Ela estava aplaudindo. A Melzinha estava lá. – começou a falar depressa, seus olhos se enchendo d’água. – Depois quando desci eu não a vi mais. Eu tentei não ficar muito preocupado porque ela já tinha passado a noite com o goleiro uma vez e... 
Depois dessa frase, Thur não conseguiu escutar mais nada do depoimento de Rod. 
‘Já tinha passado a noite com o goleiro?’, ele se perguntou. Seus olhos se encheram de mágoa, confusão e decepção. Ela tinha dormido com o Duan? Logo o Duan? Seu melhor amigo e companheiro? 
Mas eles estavam juntos na época, então nada mais normal que... Bem, Arthur não conseguia completar. Não achava nada normal. Sentia o peitoral esmagando seu coração e estômago, sua respiração ficar mais aceleradas e imagens mentais de Luinha com o amigo se misturando em sua mente. 
Só voltou a realidade quando Rod estalou os dedos em frente a seus olhos. 
- E então? O que fazemos? Pra onde vamos? – perguntou irritado. 
Arthur pensou por alguns segundos, depois respondeu friamente: 
- Entre no carro. 
Desceram as escadas da casa numa postura tão elegante e rígida que qualquer um que os visse poderia acreditar que eram agentes secretos. A determinação de encontrar a garota os faziam inflar o peito e levantar o nariz. 
Por mais que seu coração estivesse ferido, Thur ainda a queria junto a ele. Mataria qualquer um que tivesse posto suas mãos nela. 
Pensando nisso, ligou o motor agressivamente enquanto Rodrigo passava o cinto por seu colo. 
- Pra onde estamos indo? – Rod quis saber. 
- Para a DJ Yog. 

Londres; DJ Yog; sábado; 9:45 da manhã; 

Thur observou inflexível a versão dos fatos que Rod contava para o segurança do local. Por mais que por fora Rodrigo parecesse completamente destemido, sua voz esganiçada de desespero entregava o quão aflito estava. 
O segurança ouviu com atenção, e quando o garoto magro terminou sua fala, ele disse: 
- Não tivemos nenhum indício de violência aqui ontem à noite. - Isso tranquilizou um pouco os batimentos cardíacos de Rod. – Sem brigas, sem ambulâncias, sem sangue. Um ou outro saíram carregados em função da bebida. Outros esqueceram alguns objetos por aqui, mas nada que tenha indicado um sequestro ou o que quer que estejam sugerindo. 
- Podemos ver os objetos deixados aqui? – Thur perguntou. 
O homem esguio mirou-o dos pés a cabeça, antes de dizer “Sigam-me” e seguir com os dois para dentro de uma pequena sala na DJ Yog. 
Rodrigo pôde observar que a faxina ainda não havia sido feita no local, já que o chão estava imundo, sujo de pedaços de copo, salgados e balões. Alguns confetes também estavam espalhados por ali. 
Seria uma excelente lembrança do seu show se não fosse pelo desaparecimento repentino da prima. 
Entrando na sala, Aguiar passou os olhos minuciosamente por cada objeto guardado nas prateleiras. Máscaras, bolsas, celulares... Nada que o tivesse interessado. 
- Alguma coisa? – Rod perguntou. 
- Não. Nada. 
Dando-se por vencido, Thur deu as costas para as prateleiras, mas tropeçou em um par de sapatos que imediatamente chamou a atenção tanto dele quanto de Rodrigo. 
Os sapatos eram de salto, pretos e de verniz. 
- O sapato! – Rod gritou. – Ela estava com um igual a esse. Será... Será que são dela,Aguiar? 
Thur abaixou-se para pegar um dos sapatos. Tão delicado quanto se lembrava de que os pés de Luinha eram. Pareciam mesmo algo que seria usado pela menina. 
Enquanto isso, o segurança os olhava com curiosidade e seriedade ao mesmo tempo. Não sabia se deveria prezar sua posição impassível ou sua curiosidade arrasadora. 
- Esses foram encontrados no terraço – ele disse. 
Rod e Thur olharam para o sapato e depois se entreolharam. 
- O que ela estaria fazendo no terraço? – Rod perguntou mais para si mesmo do que para os companheiros. 
- A questão, creio eu, é por quê ela foi pra lá. – disse Thur, movendo o sapato de um lado para o outro, como se esperasse encontrar alguma identificação. 
– Armaram pra ela, Aguiar. – Rodrigo disse colocando as mãos na cabeça. 
- Armaram para nós dois. - Thur falou imerso em pensamentos, lembrando-se da noite anterior e atraindo a atenção de Rod. 

“Depois de ter saído de trás das cortinas, Thur dirigiu-se até o bar. 
Sentou-se em uma das cadeiras redondas enquanto pensava sobre seu relacionamento comLua e a música da banda dos amigos da menina começava a ser tocada. 
Arthur virou-se de costas para o bar, olhando em direção ao que podia ver do palco, que estava praticamente tampado pelas pessoas em volta. 
Os garotos tinham talento, Thur teve que reconhecer. Eles conseguiam combinar o estilo de música pop e punk-rock em uma só. Era até interessante de se ver e ouvir. 
Pensou nos ensaios com os The Lumps, que devido à semana de provas estavam consideravelmente atrasados. Pensou também no que Duan diria sobre seu relacionamento com Luinha, mas tentou não se preocupar com isso. 
Pediu uma bebida ao homem que servia, e esse demorou um tempo maior que o normal para lhe trazer um simples whisky. 
Despreocupado, tomou todo o conteúdo do copo de uma vez, e assim foi com o próximo, até que, alguns minutos depois, caiu na escuridão. Não soube como nem o que tinha sido o causador de seu desmaio, mas seja quem ou o que fosse, tinha sido bem sucedido. 
Thur perdeu todos os sentidos e apenas recobrou-os quando Chay começou a lhe estapear o rosto, aproximadamente uma hora depois de ter apagado. 
Como Rod já tinha ido embora, presumiu que a prima tinha ido junto. Mal sabia ele...” 

- Alguém colocou um sonífero no meu copo ontem à noite. – falou com os dentes pressionados contra os outros. 
- E você só percebeu agora? – Rod perguntou ainda com a voz esganiçada. 
- Pensei que tivesse sido do meu organismo no momento... – então olhou para o outro com os olhos em fendas e grunhiu: - Mas, obviamente, estava enganado. 
Rod abraçou um dos sapatos com os olhos lustrosos. O segurança admirava a cena com um ar pesaroso. Thur apenas pensava, precisava pôr sua mente pra funcionar a todo custo. 
Morta ela não estava, pois caso estivesse, o assassino faria questão de que ele visse o corpo. Se matar Luinha era realmente algo para atingi-lo, nada melhor que deixá-lo comprovar sua morte, o que, de fato, não tinha acontecido. 
Ela estava viva. Mas então, qual o propósito de alguém sequestra-la? Ela realmente havia sido sequestrada
- Micael, Mel, Chay... Já ligou pra todos eles? – Thur perguntou. 
- Foram embora comigo, Aguiar. Acho que se tivesse deixado a Luinha lá eu saberia. – Rod respondeu na defensiva, como se quisesse deixar claro que estava longe de ser estúpido. 
- Quero saber se ligou pra saber se ela apareceu por lá. 
- Ainda não... Mas acho que ela teria me ligado se... 
- Não temos tempo para suposições agora, Marques. – Thur pegou rapidamente seu celular do bolso, discando alguns números que já haviam sido decorados por ele há aproximadamente um ano. Depois de alguns toques, Melzinha atendeu. – Mel. Aqui é ArthurAguiar. – ele ficou em silêncio para ouvi-la falar alguma coisa. – Não, comigo está tudo bem. Quero saber se a Luinha apareceu por aí desde ontem... Não? 
Quando viu os olhos de Thur se fecharem em preocupação, Rod tomou o aparelho da mão do garoto, levando-o imediatamente à orelha. 
- Melzinha, escute, aqui é o Rod... Sim, eu estou com o Aguiar. Não, isso não é uma piada! – gritou. – Mel, preciso que ligue para o mica e o Chay. Vamos nos encontrar na sua casa daqui a meia hora. – Rodrigo ficou em silêncio, escutando-a. – Se não fosse importante eu não estaria me convidando. – rolou os olhos. – Melzinha, isso é uma emergência. A Luinha... A Luinha sumiu

Londres; Greenwich; sábado; 10: 44 da manhã; 

Todos na sala permaneciam em um silêncio mórbido quando mica abriu estrondosamente a porta da frente. 
Os amigos o olharam: Rod vidrado, quase catatônico, segurava com as duas mãos trêmulas uma xícara de café. Chay abraçava a namorada, enquanto a mesma deixava algumas lágrimas rolarem pelo rosto. Sophia encolheu-se instantaneamente para perto de Rod no sofá, quando mica cruzou a porta. Thur permanecia em pé, escorado na poltrona, com os braços cruzados e olhos tão fundos que chegavam a assustar. 
mica fechou a porta devagar, mirando cada um dos colegas. Assim que seus olhos se cruzaram com os deprimidos de Sophia, tentou descontrair o ambiente: 
- E aí? Quem morreu? – sorriu, mas ao receber olhares de reprovação de todos, engoliu a fala e tomou a mesma expressão de Chay: repreensivo e pesaroso. – O que houve, pessoal? 
Todos ficaram em silêncio, sem a menor coragem de esclarecer o acontecido. Para Rod e Thur aquilo seria o mesmo que admitir um fracasso. Para Chay e Mel, que a história, por mais que alguns detalhes fossem diferentes, estava se repetindo. E Sophia não conseguia dirigir uma simples sílaba a mica Borges. 
- Sério, galera. Vocês estão me assustando. 
Chay, Sophia e Thur se entreolharam, e, para a surpresa de todos, foi Sop quem assumiu a fala. 
- A Luinha sumiu. 
mica ficou em silêncio, depois riu sem graça. 
- Como assim a Luinha sumiu? É primeiro de abril e eu não estou sabendo? 
- Você acha que se fosse primeiro de abril – Chay tomou a voz. – estaríamos todos aqui reunidos sábado de manhã? 
Micael engoliu em seco. Olhou tristemente para o chão. 
- O que... O que vocês acham que aconteceu com ela? 
- Foi sequestrada. Só pode! – Mel disse com a voz estridente. – Alguém a levou. Eles não poderiam tê-la... Matado, poderiam? – olhou para todos os companheiros, em busca de uma resposta favorável. 
- Não, Melzinha. – Thur respondeu. – Se quisessem assassiná-la teriam deixado o corpo. Não fariam isso pra que ninguém visse. 
- Faz sentido. – Sophia completou. – Mas o que poderiam querer ao sequestrar a Luinha? Dinheiro do resgate? 
- Alguém pode ter feito isso apenas para me atormentar. – Thur falou. – Não imagino qual seja o segundo passo dessa pessoa. 
Novamente a sala entrou em um silêncio desconfortável, até que Rod, depois de dar um gole no café e demonstrar sinal de vida, se pronunciou: 
- Acharam os sapatos dela no terraço. 
Mel permitiu-se desmanchar nos braços do namorado; Sophia cobriu o rosto com as mãos em sinal de completa frustração; Thur permaneceu imóvel e mica ergueu o corpo, como se tivesse acabado de se atingido por uma solução. 
- Ela estava descalça. – disse ele para si mesmo. – Descalça! É isso. 
Os olhares seguiram em sua direção com curiosidade e alguma esperança. 
- Eu fiquei sentado em uma das mesas próximas a saída depois do show. Eu podia estar bêbado, mas tenho certeza do que vi. – assentiu para a própria fala. – Um homem largo e alto carregando uma garota descalça! 
- Quem era o homem, mica? – Chay quis saber, tão desesperado quanto os demais. 
- Não consegui distinguir as feições do seu rosto, mas sei que... Ele estava vestido de verde. – colocou a mão no queixo. – É, verde. Lembro-me de ter visto alguém usando uma fantasia exatamente daquela cor... 
- Parecia com o quê? Um verde claro? Escuro? Era um Peter Pan ou... 
- Não, Melzinha. – balançou a cabeça. – O cara estava mais pra Robin... 
- Hood. – Chay e Sophia completaram, espantados. 
Rod ergueu a cabeça, lembrando-se de ter visto a fantasia de Robin Hood. Oh, sim. Sabia quem era. 
- Só pode ter sido o... 
- Scott. – Thur rugiu. 

Londres; sábado; 2:07 da tarde; 

Lua abriu os olhos com a cabeça latejante. Sua visão custou a desembaçar e a focalizar o local escuro onde estava. 
Percorreu com os olhos primeiramente a superfície em que deitava: uma pequena cama com o colchão duro, que fora a possível responsável pelas dores posturais que sentia pelo corpo. Olhou as tábuas de madeira corrida no chão. Algumas mais levantadas e úmidas, como se há muito tempo não tivessem visto uma faxina. As paredes, também de madeira, passavam a mesma impressão. A umidade da sala confundia-se com o forte cheiro de mofo. 
Lua tentou inutilmente se sentar por duas vezes, até concluir que estava fraca demais para fazer qualquer movimento. 
Com surpresa e medo, ouviu alguém exclamar do outro lado da sala: 
- Oh, já está acordada! – Scott disse apoiando-se no batente da porta. – Pensei que fosse dormir por uma eternidade.
Luinha deu uma resposta rude, mas sua voz saiu fraca até para ela. O grandalhão não perdeu a oportunidade de se aproximar da menina com um sorriso nos lábios e dizer: 
- O quê, querida? Fale mais alto. Não posso te ouvir. 
Com a raiva que sentiu, Luinha imprimiu toda a força que tinha na resposta: 
- Eu disse que eu estou fantasiada de Chapeuzinho Vermelho, imbecil. Não de Bela Adormecida. 
- Corajosa e insolente. – Scott balançou os ombros. – Não vê que sua vida está nas minhas mãos, Marques? Se eu fosse você eu me acalmaria um pouco. Você sabe quem eu sou? – quando ela tomou ar pra falar ele mesmo respondeu. – Scott Turner, seu pior pesadelo. 
Lua esperou que o sorriso malicioso aparecesse no rosto o garoto antes de falar devagar, assim como se fala com uma criança: 
- O tiro saiu pela culatra, querido. Há pessoas que vão procurar por mim. E quando me encontrarem, Scott Turner – disse com nojo. – você realmente vai saber economizar o uso da palavra “pesadelo”, uma vez que entenderá o seu real significado. 
- E quem virá por você, Marques? – seu sorriso de escárnio permanecia. – Seu amadoAguiar? 
Lua ficou calada, sentindo os músculos do corpo doloridos novamente ao tentar sentar na cama. 
- Não é um lugar muito difícil pra me encontrar, você sabe. – ele riu. – Queria mesmo que ele viesse. Só eu e ele. Cara a cara. Finalmente vou poder dar àquele animal o que ele merece. – Scott observou sua mão fechada em punho. 
- Você vai é morrer, seu cretino. - Lua falou veemente, cortando o último fio de paciência de Scott, que deu dois passos largos em sua direção e esbofeteou-lhe o rosto. 
Luinha fechou os olhos ao sentir a pancada, mas tentou permanecer impassível, por mais que tivesse vontade de chorar e gritar. Não daria ao rapaz o gosto de vê-la sofrer e estava fraca demais para tentar ter alguma reação. 
- Você vai assistir de camarote a morte do seu queridinho, vadia. – ele disse, segurando-a pelos cabelos da nuca e levantando seu rosto em direção ao dele. 
Como Lua não reagiu com nenhuma resposta verbal ou física, ele a soltou e se dirigiu até a porta, falando incisivo antes de batê-la: 
- Espero que reflita sobre a forma que me tratou, amor. Se eu decidisse, você morreria agora. 

Londres; Lowden Avenue; sábado; 2: 21 da tarde; 

Thur sentou-se na varanda da casa branca assim que saiu. 
Havia se desgastado bastante arrombando as portas da casa, e seu esgotamento emocional foi ainda maior quando não conseguiu nenhuma pista. Aliás, uma única: Scott não havia estado em casa. 
Todas as luzes do local estavam apagadas e os móveis arrumados, sem nada que indicasse a presença do rapaz no local nas últimas duas horas. 
Arthur respirou fundo, limpando o suor da testa com uma das mãos e dirigindo sua mão ao bolso, até o celular. Quando se preparou para discar alguns números, o aparelho começou a tocar. 
Era Chay. 
- Diga. 
- Não há sinal de que eles tenham passado pela escola, Aguiar. – o menino falou ofegante. – Eu procurei algum sinal desde o prédio principal ao ginásio e não achei nada. Não estiveram por aqui... Teve melhor sorte? 
- Não. – Arthur disse fechando os olhos e apoiando o peso do corpo sobre o braço esquerdo. – O infeliz não voltou pra casa depois de ontem. 
- O que sugere que eu faça agora? 
- Volte para a casa das meninas. Vou ligar para os outros e nos encontramos lá. 
- Tem certeza de que não devemos envolver a polícia nisso? – Chay perguntou mais baixo. 
- Tenho. – Thur disse por entre os dentes. – Scott pode ser estúpido, mas não tanto. Se fosse fácil detê-lo com a ação da polícia ele nunca teria sido tão indiscreto. Ele tem como saber se envolvermos os tiras nisso. 
- Mas... 
- Rod também acha melhor não envolvê-los... Por enquanto. – falou devagar. 
- Tudo certo, então. Estou indo pra casa da Melzinha. – Chay concordou e em seguida desligou o telefone. 
Thur respirou fundo antes de discar os números do celular de Rod. 
- Alô? – Rodrigo falou com a voz esgotada. 
- Alguma coisa? 
- Ah, Aguiar. Não, nada. Gastei trinta minutos pra abrir a porta da casa de Bennet para não encontrar droga nenhuma e ainda ser mordido pelo cachorro. – Rod ficou calado por alguns instantes. – Parece que ele não esteve aqui ontem à noite. 
- O mesmo percebi aqui. 
- O que faremos agora? – Rod desesperou-se. 
- Vamos voltar para a casa das meninas. Avise o mica. 

Londres; Greenwich; sábado: 3:05 da tarde; 

Rod e mica chegaram um pouco depois dos demais. As buscas de mica pelos arredores da DJ Yog também tinha sido um fracasso. 
Mel e Sophia também não conseguiram encontrar ninguém através de seus contatos que soubesse do paradeiro de Scott. 
- Ligamos para todas as líderes de torcida e os garotos do time de futebol. A não ser dois, que não conseguimos nos comunicar, ninguém sabe onde Scott está. – Mel disse. 
- Perguntamos sobre Bennet também. Mas depois que a Kelly disse que não fazia ideia de onde ele poderia estar, meio que perdemos as esperanças. – Sophia completou, dando um suspiro triste. 
- Tem razão – mica tentou falar num tom divertido. – Se a Kelly, maior fofoqueira do colégio, não sabe, tem menos de um por cento de chance de qualquer outra pessoa saber. 
Sop segurou um sorriso, o que fez mica se animar. O momento não durou muito, pois os olhos de Thur se fixaram com algo que Rod brincava. Algo que ele passava devagar no queixo enquanto olhava inexpressivo para o chão. 
- O que é isso? – perguntou. 
- Isso? – Rod olhou-o, surpreso. – Ah, é uma carta de baralho. Encontrei na casa do Bennet. – ele virou o pequeno pedaço de papel até que estivesse de frente para todos. – Viram? É um curinga. 
A mente de Thur começou a trabalhar depressa, tentando alcançar tudo o que podia lembrar sobre aquela carta em particular. 
- Cadê as outras? – perguntou depressa. – Estavam lá? As outras cartas estavam na casa? 
Todos olharam para Arthur com um ar de confusão, principalmente Rodrigo, que alternou seu olhar da carta para os olhos do garoto. 
- Não que eu tenha visto. O curinga foi o único que encontrei, jogado do lado da cabeceira. Foi a única coisa que me parecia fora do lugar. – pensou um pouco. – Ele estar ali não é algo que eu tenha considerado proposital. Ele estava jogado de tal forma que mais parecia que tinha sido esquecido lá... Ou que caiu sem ninguém perceber. 
Arthur ergueu o corpo. Seu rosto destemido deu a todos um ar de segurança que poucos minutos atrás não tinham. Ele deixou a sombra de um sorriso começar a aparecer no rosto, depois a interrompeu dizendo: 
- Chay, você vem comigo. Rod, leve mica até a casa de Bennet e comecem a procurar pelas outras cartas onde você encontrou o curinga. Caso vocês as achem, me liguem imediatamente. – os rapazes consentiram. – Se não acharem, eu lhes darei uma nova coordenada a seguir. 
Os meninos concordaram. 
- Vamos, mica. – Rod falou com a voz bruta. – Temos que encontrar Luinha a todo custo. 
O amigo olhou os demais da sala. Chay e Mel se despediam com um beijo, depois de ela ter recomendado que o namorado tivesse cuidado. Micael passou seus olhos por Sophia, que também o olhava. Quando seus olhares se cruzaram, ambos coraram. 
- Er... Acho que já vamos indo. – mica coçou a cabeça. 
Sophia fez menção de se levantar para se despedir, mas não o fez. Apenas olhou-o com a cabeça baixa e murmurou: 
- Tome cuidado. 
Micael agradeceu, sorrindo torto. 
Sentir que ela estava se preocupando com ele pela primeira vez depois de mais de um ano era revigorante. Ali sim ele tinha conseguido a força que precisava para continuar as buscas. Sentiu-se mais realizado do que há muito tempo, segurando firme a maçaneta e se pondo para fora do apartamento, com Rod em seu encalço. 

Londres; Audi preto; sábado; 3:27 da tarde; 

- Pra onde vamos, Aguiar? – Chay perguntou se acomodando no banco do carona, apesar de sua postura ainda estar tensa. 
- Dockland. – ele esclareceu ligando o motor do carro. – Preciso perguntar uma coisa a alguém. 
- E você acha que esse alguém sabe onde a Luinha está? 
Thur negou com a cabeça, ultrapassando um dos carros que estava a sua frente. 
- Não. Mas acho que esse alguém pode ter uma ideia... 

Chay torceu a boca enquanto esperavam o elevador chegar ao andar desejado. 
Sabia exatamente onde estavam, mas ainda não tinha conseguido conectar os fatos. Thur, ao contrário, parecia inteiramente certo do que fazia. 
- Hm... Aguiar...? – Chay começou a falar em tom interrogativo. 
- Fala. 
- Por que viemos pra casa do Duan? 
Assim que terminou a frase, a porta do elevador se abriu e puderam observar, escorado no batente da porta guiada por um grande tapete claro, o garoto de cabelos loiros. 
O rosto sempre confiante de Duan agora tinha sido substituído por uma máscara de confusão e curiosidade, observando Thur e Chay saindo do elevador com a expressão cautelosa. 
- O que aconteceu? 
- Podemos entrar? – Thur perguntou. 
Duan fez sinal para que os dois passassem, e assim fizeram. 

- Alguma ideia? – Thur quis saber depois de ter contado o ocorrido para o amigo. 
- Até agora não consigo acreditar. – Duan colocou uma das mãos no queixo. – Eu sabia que o Scott era um canalha, mas não a esse ponto... – ele pensou durante alguns segundos. – Você disse um curinga, certo? 
- Certo. 
Arthur e Chay estavam sentados em um dos sofás da sala de Duan, enquanto o mesmo se sentava em outro, de frente para eles. 
- Tem uma casa... – o loiro começou a dizer. – Uma casa abandonada. Está no nome da família do Scott. Era lá onde costumávamos nos reunir pra jogar truco até ano passado. E, bem, você sabe, se eles deixaram só o curinga pra trás e não voltaram para pegá-lo, nada mais normal do que eles estarem jogando algo em que ele não seja necessário... 
- Você se lembra de onde fica? 
- Lembro. Tenho o endereço na minha agenda. 
O goleiro se levantou, seguindo até um armário de madeira branca atrás da mesa de jantar, de onde tirou uma agenda surrada. Abriu-a e, depois de algum tempo, arrancou uma das folhas e levou-a para Arthur. 
- Se não me engano, é isso mesmo. 
- Obrigado, Duan. Já estamos indo... – Thur disse. 
O celular de Chay tocou, chamando a atenção dos dois que estavam na sala. Quando olharam para o menino, esse estava se dirigindo para a porta do apartamento, abrindo-a e pondo-se para fora: 
- Desculpem. É o Rod. Melhor eu atender aqui fora. – explicou. 
Duan e Thur voltaram a se olhar assim que a porta se fechou. 
- Pensei realmente que pudesse ter alguma ideia. – Arthur sorriu. 
- E eu tenho, margarida. Sou o menino das ideias. – o loiro piscou. 
- Se quiser nos ajudar com as buscas, ficaríamos até felizes em... 
- Não, Aguiar. – ele discordou. – Não sou eu quem a Luinha quer ter como herói. 
Thur encarou os olhos sinceros do amigo. 
- Obrigado. – ele disse. – Agora eu tenho que ir... 
Arthur seguiu em direção à porta com passos firmes e calculados, perguntando-se se aquilo teria sido um aval do goleiro para que ele e a Luinha ficassem juntos. 
- Thur, espera. – Duan falou alto, quando viu o rapaz abrir a porta. Arthur olhou-o por cima do ombro. – Você... Você está apaixonado pela Luinha, é isso? 
Ele abriu um sorriso frouxo, apenas isso, antes de responder: 
- Até mais, irmão. 
Duan entendeu perfeitamente bem o que ele quis dizer, sentando-se em um dos sofás assim que a porta se fechou. 

Thur seguiu depressa para o elevador, juntamente com Chay. Quando enfim entraram na segurança do carro, Chay pôde dizer: 
- Rod disse que eles acharam mais dois curingas, mas sem sinal das outras cartas. 
Thur sorriu. 
- Perfeito. Era exatamente isso que eu esperava. – enfiou a mão em um dos bolsos e entregou o papel amassado da agenda de Duan para Chay. – Dê a eles esse endereço. Diga que nos encontraremos lá daqui uma hora. 

Londres; sábado; 4:15 da tarde; 

O estômago de Luinha estava roncando pela terceira vez em meia hora. 
Depois de ter sido agredida por Scott, tentara dormir para ver se o tempo passava mais depressa. Mas, para sua infelicidade, teve pouco sucesso. 
Lua levantou seus olhos quando a porta se abriu em um estrondo, revelando Scott e mais dois garotos do time de futebol. Um dos meninos segurava uma bandeja com um pão e uma caneca. 
- Rápido. – ordenou Scott. – Quero que ela esteja bem acordada quando Aguiar chegar. Não está nos meus planos que ela morra de fome. 
Os rapazes se aproximaram da cama onde Luinha jazia, com passadas largas. 
- Levantem-na, seus idiotas! – Scott disse da porta, ao ver um deles oferecer a bandeja a ela. – Ela não tem forças pra ficar em pé! 
Os dois se entreolharam e, um deles, o que não segurava a bandeja, virou o corpo deLuinha até que ela estivesse de costas para o colchão, antes de espalmar sua mão nas costas da garota e colocá-la sentada, com o tronco apoiado na parede. O outro colocou os alimentos do seu lado. 
Ao tentar se ajeitar, Luinha sentiu as costas serem pinicadas por baixo da roupa, por provavelmente algum alfinete que a dona da loja de fantasias esquecera-se de tirar. 
- O que está esperando? – Scott perguntou-a rude. – Coma! 
Lua olhou-o com a cabeça baixa, pegando o pão seco e dando-lhe uma mordida cheia. 
Scott tinha razão, afinal de contas. Ela precisava estar acordada para quando Thur chegasse, sim. 
Tomou um grande gole de café para disfarçar o sorriso malicioso que surgia em seus lábios. 

Londres; Audi preto; sábado; 5:19 da tarde; 

Thur e Chay estavam parados de frente para uma casa de madeira, sem qualquer pintura. Era lá que, segundo Duan, os rapazes do time de futebol costumavam jogar cartas no ano anterior, e era lá onde, provavelmente, Scott estaria. 
A maior prova de que o grandalhão realmente estava no local era o fato de ter dois garotos do lado de fora, espreitando, como se estivessem atuando de seguranças. 
Thur, como tinha parado o Audi um quarteirão antes da casa, podia vigiar os dois sem levantar suspeitas. 
No meio do silêncio, foi Chay que começou a falar: 
- Eu nunca achei que tivesse sido você. – Thur olhou o rapaz. – Você sabe... Que matou a Iv. Nunca pensei que fosse o culpado. 
- O que o leva a pensar isso? – Arthur cruzou os braços em cima do volante, olhando paraChay com um sorriso frio. 
- Você me parecia apaixonado demais pra ter feito uma coisa como essas. Sei que não foi você. 
- Obrig... 
- Mas já te aviso, - Chay o interrompeu. – se estiver com a Luinha porque vê a Ivane nela, desista. A Lua não é boba. 
Thur sorriu. 
- Nunca pensei que fosse. 
O olhar dos dois foi atraído por um Civic prateado, que estacionava atrás do Audi. Ao ver Rod e mica saírem do carro, Thur abaixou sua janela e destrancou as portas: 
- Entrem. 
Os dois obedeceram, sentando-se no banco de trás. 
- Aquela é a casa. – Chay apontou. – Há dois “vigias” na porta. 
- Os caras do time de futebol com quem as meninas não conseguiram falar. – mica concluiu. 
- Exato. – disse Thur. – O que significa que Scott deve estar lá dentro, portanto... 
- Luinha também. – Rod interrompeu. – O que iremos fazer? 
Thur olhou do rosto dos três garotos para o relógio, e em seguida para a casa. 
- Daqui a uma hora escurece. Podemos nos aproveitar da escuridão para render os dois caras da porta. 
- Eu e o mica rendemos os caras. – disse Chay. – Você e o Rod entram na casa. 
- Combinado. – mica assentiu. – Daqui a uma hora então? 
Thur confirmou. 
- Daqui a uma hora. 

Assim que o último raio de sol se recolheu por trás dos prédios de Londres, Thur fez sinal para que os garotos abrissem as portas. 
mica fazia movimentos circulares com a munheca enquanto Chay e Rod alongavam seus braços e pescoços. 
Thur riu da preparação dos meninos, apenas tirando a blusa de frio grossa que usava e a jogando em um dos bancos de trás. 

Londres; sábado; 6:20 da noite; 

Lua deu um último gole no copo de café que Bennet havia levado para ela, uma hora atrás. 
Depois de ter se alimentado e ficado um tempo na cama, já não se sentia tão fraca quanto anteriormente. Já até tinha arriscado dar algumas voltas pelo quarto, mas toda vez que ouvia um barulho no corredor voltava a se deitar, para se mostrar mais débil do que realmente estava. 
Lembrava-se de, no dia anterior, ter sido pega de surpresa por Scott e Bennet no terraço da DJ Yog. Enquanto o primeiro agarrou seus braços e boca com força, de forma a não deixá-la se soltar, o segundo injetou em seu braço algum tipo de anestesia, que surtira efeito até ela acordar no dia seguinte. 
Ao ouvir passos na escada de madeira, Lua resolveu afrouxar um dos botões do vestido, com o intuito de facilitar a concretização de seu plano. 
Depois de alguns segundos, Scott abriu a porta de sua maneira naturalmente rude. Como da primeira vez que o vira aquele dia, ele estava sozinho. 
- Pois é, Chapeuzinho. – ele deu teatralmente de ombros. – Parece que o príncipe não veio te socorrer. 
Lua desistiu de fazer uma observação mal educada sobre a completa falta de conhecimento da literatura infantil de Scott, preferindo ficar calada, observando sorrateiramente os passos do rapaz. 
- E então? – ele levantou os dois braços ao parar próximo à cama. – Nenhuma tirada inteligente? Nada como: “Oh, você vai perder, seu vilão malvado!”? – fez voz afetada. – Nada assim? – ela continuou a olhar fixamente pra ele, sem mover um músculo. – Que pena, então. Seria interessante essa discussão. – ele bocejou. – Já que a senhorita não tem nenhuma objeção quanto a isso, acho que vou aumentar minha aposta com o Aguiar. – Scott mostrou seus dentes em um sorriso selvagem. – Estou pensando seriamente em enviar algo seu a ele. Mas ainda não me decidi o quê
O brutamonte olhou de cima a baixo para Luinha, que ao perceber para onde seu olhar seguia, recolheu as pernas. Ele riu. 
- Vamos, Marques, não se retraia. Sei muito bem como você tem um fraco por jogadores do time de futebol. 
- Não por você. – ela cuspiu. 
- Ah. – ele alargou ainda mais o sorriso. – Não estou muito certo disso... – ele se ajoelhou no colchão, de modo que fizesse Luinha encolher seu corpo contra a parede. – Não tenha medo, amor. Eu só preciso de algo para atiçar a atenção do Aguiar. Só isso. Prometo não te machucar se você for boazinha... 
Lua moveu o braço devagar, sem tirar os olhos do rosto de Scott, de modo que ele não prestasse atenção em seu movimento. 
- E... – ela começou a dizer com a voz baixa e os lábios trêmulos. – E o que seria? 
Scott voltou a sorrir, assumindo o tom de voz manso. 
- Talvez uma mecha de cabelo... – seus olhos desceram novamente para as pernas descobertas de Luinha. – Ou uma peça de roupa. 
- O quê? – disse horrorizada. Suas bochechas se avermelharam com a proximidade do zagueiro. – Turner, você é um porco! 
E assim que Scott tomou-a pela cintura, segurando uma de suas pernas, ouviu-se um estrondo e alguns gritos no andar de baixo. 
Esperançosa, e tentando afastar o rosto do zagueiro de seu pescoço, Lua soltou um grito de ajuda estridente. 
Sorrindo com o provável sucesso de ter atraído Thur pra lá, Scott puxou a garota pelas pernas até que os dois caíssem no chão. 
Lua sentiu forte a dor do impacto, mas segurou firmemente o objeto que possuía na mão direita. Tirar seu braço debaixo do corpo não seria tão fácil, já que além do peso do próprio tronco, agora teria que superar o peso do tronco de Scott. 
- Grite, Marques. Grite! – Scott ordenou a seu ouvido. – Você não quer que o Aguiar esteja aqui? Chame por ele, Lua. Grite o nome dele! 
E como se fosse um boneco de controle remoto, Lua obedeceu imediata e involuntariamente as ordens de Scott. 
Quando sentiu as mãos do zagueiro se esgueirando por baixo de sua saia, Luinha soube que era hora de agir. 
Tirou a mão direita de baixo do corpo e, rapidamente, enfiou, com toda a força que conseguiu juntar, o alfinete no olho esquerdo de Scott. 
Assim que conseguiu que o objeto perfurasse o globo ocular do zagueiro, ouviu um grande baque na porta... 

Londres; sábado; 6:27 da noite; 

Rod e Thur entraram correndo na casa, assim que mica e Chay acertaram o primeiro golpe nos dois meninos que tomavam conta. 
Não tiveram tempo para olhar para trás para ver a situação dos amigos. Apenas entraram em um rompante, e assim que se puseram pra dentro, escutaram um grito feminino vindo do andar de cima. 
- Luinha. – Thur rugiu em sua conclusão, subindo as escadas a largas passadas. 
Rod fez o mesmo, até sentir uma de suas canelas ser puxada por alguém alguns degraus a baixo, o que o fez estatelar sua boca e costela na escada ao cair. 
- Marques! – Thur gritou olhando pra trás, vendo o menino caído na escada sendo arrastado por Bennet. 
- Continue, Aguiar. A Luinha precisa de você. – Rod conseguiu dizer com a boca ensanguentada. 
Arthur considerou por alguns momentos, até ouvi-la gritar por ele: 
- Thur! 
Depois disso, sua forma mais primitiva e irracional tomou posse de seu ser. Não conseguia pensar em mais nada que não fosse agredir Scott, vê-lo sangrar, vê-lo morrer... E essa vontade intensificou-se ainda mais quando, ao parar na porta de um dos quartos, o viu saindo de cima de Lua. 
O que foi surpresa para Thur foi o fato de o rapaz já estar gritando de dor, sem que esse precisasse mover um músculo. Havia algo pequeno e metálico enfiado em um dos olhos de Scott, que vazava sangue. 
- Thur... – Luinha sibilou, arrastando-se para longe de Scott, até o canto da sala. 
O zagueiro espremeu a boca tentando conter outros urros de dor. Segurou o alfinete com uma das mãos e o arrancou de seu olho. 
Depois de jogar o objeto longe, Scott olhou para Thur dando uma alta gargalhada. 
- Incrível como por tantos anos esperei por esse nosso encontro, Aguiar... – ele fechou o punho. – E agora, ironicamente, a única coisa em que consigo pensar é em matar a sua vadia suburbana. – urrou enquanto corria em direção a Luinha e fechava os punhos em seu pescoço. 
Lua nem teve tempo de tentar alguma reação, quando viu, Thur já tinha agarrado Scott pelos cabelos e o lançado para longe. Arthur bateu as mãos, para livrar-se dos tufos que ali ficaram grudados. 
- Tem razão. – Scott disse pondo-se de pé. – Façam fila. Eu te matarei primeiro, depois eu mandarei essa imunda pro inferno junto com você. Não vai nem precisar pegar outro vagão. – ele sorriu, antes de se lançar em direção a Arthur. 
Scott conseguiu acertar o primeiro soco no rosto de Thur, mas não conseguiu curtir sua glória, pois assim que acabou de atingi-lo, foi golpeado por um soco ainda mais forte. Arthur empurrou Scott pra trás até que esse batesse suas costas na parede oposta de onde estava Luinha, no intuito de manter a briga o mais longe o possível da menina. 
Esbofeteou o rosto de Scott duas vezes com toda a força, e assim que o rapaz caiu mole no chão, o mesmo começou a rir. Thur olhou-o em confusão. 
- Você pode até me matar, Aguiar. Pode até me cegar como sua namoradinha das cavernas. Mas nunca, nunca poderá mudar o fato de que, enquanto você acreditava ser o único, era comigo que a Iv dormia. 
Lua colocou as duas mãos na boca, sem ideia de como reagir àquela revelação. Quando tocou as bochechas com os dedos foi que percebeu que elas estavam molhadas. Ela estava chorando. Desde quando? Ela não sabia. Mas com aquela descoberta, sentiu necessidade de chorar cada vez mais e mais alto. 
Como Thur estaria se sentindo? Como Scott podia dizer uma coisa dessas? 
Lembrou-se de Scott ter dito com uma presunção determinada: “Não tenho muita certeza disso...” quando disse não se sentir atraída por ele. Estaria o rapaz falando de Ivane? 
Não teve tempo para mais indagações. Na distração de Thur, o zagueiro retomou a vantagem... 

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