Thur sabia muito bem que nenhum dos amigos gostava de falar no assunto. Nenhum dos dois gostava de falar sobre o assassinato. Mas não os culpava, afinal, ele mesmo era assim.
Muitas vezes preferia ignorar a existência daquele acontecimento, mas, por mais que tentasse, era impossível. Aquilo tinha estragado sua vida para sempre.
- No dia em que a Melzinha foi atropelada. – Josh concluiu, engolindo em seco.
- Sim. Mas eu não estou falando da Missy. – Duan alternou seu olhar de Josh pra Thur, que estava cabisbaixo. – Desculpe não ter estado lá pra te ajudar, margarida. - estava pesaroso.
- A culpa não foi sua. – murmurou.
- A culpa foi minha, na verdade. – Josh disse chamando repentinamente a atenção dos dois. – Se eu não tivesse bebido até desmaiar, o Duan não precisaria ter me arrastado pra casa, e nós poderíamos ter estado lá.
- Isso não importa mais. – Arthur balançou os ombros, fingindo completo desinteresse. – Eu não ligo.
- Mas então, - Josh mudou de assunto, virando-se para o outro amigo. – quem é a vítima?
Thur girou os olhos com a impaciência, enquanto o loiro voltava ao seu semblante alegre.
- Ela não é vítima. – Duan respondeu tranqüilo. – E ela se chama Lua BLANCO. – Arthur prendeu a respiração por um momento.
- Da sala do Thur? – Josh apontou e o rapaz consentiu. – Ela realmente é um pedaço... Mas quem diria que daria bola pra você! – riu com gosto.
- Por que seria diferente? – o loiro retrucou.
- Ela tem cara de que daria bola pra um cara igual a mim, agora igual a você... – brincou, enquanto o outro dava o dedo.
- Ah, calem a boca. – Arthur caiu deitado sobre o palco, sentindo-se extremamente incomodado. – Odeio quando começam com papos fúteis ou infantilidades... É ridículo.
- Qual parte exatamente foi a da infantilidade, Judd? – o moreno de cabelos curtos e crespos levantou uma sobrancelha. – A parte que eu falei que ela era gostosa ou a parte que eu falei que ela não daria bola pro Duan?
- Aí você se enganou nas duas suposições, amigo. – o loiro disse cheio de si. – Primeiro porque sim, ela não só daria como deu bola pra mim, e segundo porque ela não é apenas gostosa, ela é muito gostosa. Precisava ver ela na festa, dude. Minha boca até salivava! – deu uma risada.
- Ridículo. – Arthur revirou os olhos.
- Eu, hein. – Josh disse, encarando-o confuso. – Que bicho te mordeu?
- Eu sei que bicho é esse. – Duan disse com ar de conhecimento. – Se chama “tensão sexual reprimida”. Já a minha – sorriu. – está completamente satisfeita desde ontem à noite. – Josh deu um assobio de aprovação.
- Cala a boca, porra! – Thur estourou, surpreendendo os dois amigos. – Vai à merda com essa sua tensão. Eu não dou a mínima. – levantou-se rapidamente. – Quer saber? Eu vou embora. Não aguento nem mais um segundo falando dessa babaquice.
Andou decidido até fora do portão da garagem, descendo o mesmo rapidamente até batê-lo. Quando o ambiente ficou em silêncio, Duan e Josh se olharam estáticos e completamente confusos com a atitude do garoto.
- O que será que deu nele? – Josh perguntou e o loiro balançou levemente os ombros, desentendido.
Enquanto Thur andava a passos largos em direção ao Audi, sua cabeça trabalhava em busca de motivos para sua irritação instantânea.
‘Estúpido.’ Pensou consigo mesmo.
Costa Oeste da Inglaterra; Sábado; 12:47 da manhã;
Mel foi conduzida por Chay em um carro de aluguel até uma pequena casa na praia. Por mais que a casa não fosse grande, estava obviamente bem localizada e sua decoração era impecável. Conseguia misturar perfeitamente simplicidade e excentricidade em um só lugar.
Era amarela com um pequeno jardim em frente, tinha escadas de madeira, uma varanda com duas cadeiras, e por dentro era mais do que aconchegante. Mel se sentiria melhor se, além da conveniência da casa, o clima também fosse conveniente.
A costa oeste estava apresentando ventos fortes e o clima fresco, inadequado para um dia no mar.
- Droga, amor. – ela disse de braços cruzados, olhando as ondas agitadas através da janela. – Devíamos ter pesquisado como estaria o clima, antes de vir. – suspirou. – Agora os seus planos de pegar sol foram todos pro espaço...
- Quem disse que eu tinha planos de pegar sol? – o rapaz falou apoiando seu queixo no ombro da namorada, que se arrepiou com seu toque. – Aliás, quem disse que eu não sabia como estaria o clima?
- Você sabia? – ela se virou pra ele, abraçando seu pescoço apesar da expressão confusa.
- Desculpe se eu te decepcionei, Melzinha. – respondeu encarando os olhos da menina com um olhar terno. – Mas nem sempre faz parte dos meus planos te ver corada, por mais que eu te ache linda quando está assim. Dessa vez, a única coisa que eu queria com essa viagem era te aquecer do frio.
Ao ver a namorada sorrir, não teve duvidas em beijá-la.
Precisavam se recuperar do ano difícil que tiveram, tanto fisicamente quanto emocionalmente. E fariam isso com êxito.
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